ë Livro da semana: Falares da ilha
segunda-feira, 9 de novembro de 2009

"Estamos em presença duma obra indispensável ao estudo do nosso idioma nas várias partes do mundo. Mas não só; também ao estudo do nosso povo, porque o imaginar e o conceber, o considerar e o julgar, o sentir e o não sentir, o querer e o não querer estão manifestados na língua — são os três aspectos do nosso eu: pensamento, sentimento e vontade.Para tudo isto são úteis os ensinamentos dos «Falares da Ilha». O difícil está, por vezes, em sabermos aproveitá-los. Ao passar os olhos por esta obra, pareceu-me estar em contacto com o povo daqui — não com o das cidades, mas com o do interior, cuja linguagem não é incorrecta por diferir do falar das pessoas cultas; mas é a dele, com formas arcaicas, ou entre o arcaico e o moderno (almário, avoar), mas explicável dentro da evolução natural da língua.Viram bem o caso Tomás de Figueiredo e o Dr. Ernesto Gonçalves, historiadores do séc. XV, ao notarem que há relação íntima entre os falares da Madeira e os do Norte de Portugal Continental.
Quando alguém se refere à linguagem da Ilha da madeira, logo nos vem à mente a pronúncia dos seus habitantes. É este um dos valores deste livro, porque o autor procurou escrever como se fala: «qu'és dar verdes pápanhares maduras, mas daqui nan leva' nada...» — e assim ficamos a saber muito de como aí se pronuncia a nossa língua. Lá está o hôme, o didal, o difícele, o bober e o dezer (como cá) e também o Antôino, um pouco à brasileira (António). À brasileira?! Será a pronúncia Antôino um brasileirismo ou um portuguesismo, ido de cá para lá, mas que perdeu de moda aqui? O que me leva a admitir esta hipótese é ter ouvido a pronúncia Tôino, Tônho e Antônho em terras serranas da Beira, distantes das cidades.
Livro disponível para consulta na SLG da Biblioteca Pública Regional da Madeira
Quando alguém se refere à linguagem da Ilha da madeira, logo nos vem à mente a pronúncia dos seus habitantes. É este um dos valores deste livro, porque o autor procurou escrever como se fala: «qu'és dar verdes pápanhares maduras, mas daqui nan leva' nada...» — e assim ficamos a saber muito de como aí se pronuncia a nossa língua. Lá está o hôme, o didal, o difícele, o bober e o dezer (como cá) e também o Antôino, um pouco à brasileira (António). À brasileira?! Será a pronúncia Antôino um brasileirismo ou um portuguesismo, ido de cá para lá, mas que perdeu de moda aqui? O que me leva a admitir esta hipótese é ter ouvido a pronúncia Tôino, Tônho e Antônho em terras serranas da Beira, distantes das cidades.
Livro disponível para consulta na SLG da Biblioteca Pública Regional da Madeira
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CALDEIRA, Abel Marques, 1896-1964
CALDEIRA, Abel Marques, 1896-1964
Falares da ilha : dicionário da linguagem popular madeirense / Abel Marques Caldeira ; pref. Emanuel Paulo Ramos ; estudo filológico do José Neves Henriques. - 3ª ed. - Funchal : E.E.F.- Editorial Eco do Funchal, 2002. - XXV, [4], 213, [3] p. ; 21 cm. - [SLG]. - [DEPÓSITO]. - [P03]. - Contém bibliografia
Linguagem popular -- Ilha da Madeira (Portugal) -- [Dicionários]
CDU 811.134.3(469.8)(038)
CDU 811.134.3(469.8)(038)